domingo, 27 de novembro de 2011

Olarias, responsabilidade social e desenvolvimento econômico

Você pode ter uma ideia e conviver com ela durante anos sem nunca tentar concretizá-la; você pode ter muitas ideias brilhantes que nunca se tornaram reais por que você não sabe por qual começar; você pode não ter nenhuma ideia “fantástica”, mas apenas a certeza de que seu estado atual de vida não é o modelo que você deseja para seu futuro e está disposto a transformá-lo.

Mesmo a natureza requer ação "humanizadora" para adequar-se
 aos nossos padrões

As três situações refletem, em larga escala, situações cotidianas de um grande número de sujeitos. Sob o enfoque das atitudes pessoais, englobam duas classes de pessoas: as passivas e as ativas.

Mesmo que você seja a pessoa intelectualmente mais brilhante do mundo, essa condição em nada lhe ajudará se ficar confinada em sua mente. Por outro lado, suas ideias podem ser consideradas banais, mas, se você se engajar em construir a existência que considera adequada, provavelmente poderá, após alguns anos, dizer, com um sorriso nos lábios, que suas escolhas e ações “valeram a pena”.

O enfoque que interessa neste post é o dos comportamentos passivos, ou dos sujeitos que não assumem as iniciativas de suas ações.

Objetivamente, as pessoas são passivas por que não conseguem identificar claramente quais são suas necessidades ou por que acreditam que alguém (talvez Deus) lhes proverá o atendimento das necessidades básicas.

Entretanto, quando a passividade é de algum gestor público, o comportamento torna-se inadmissível por uma questão de princípio: a função do gestor público é o de, além de gerenciar da melhor forma possível os interesses da comunidade que representa, servir como catalizador para o desenvolvimento econômico, social e cultural de seus representados. Estes não são argumentos saídos do “vácuo”, mas obrigações constitucionalmente estabelecidas (Art. 23 e seus incisos da CF de 1988).

Pois bem, Rosário do Sul parece ter optado pela passividade no tocante ao desenvolvimento econômico. É inacreditável como a gestão pública da cidade não consegue resolver alguns problemas elementares como, por exemplo, a presença de olarias devidamente estabelecidas e com capacidade para atender a demanda da cidade. É difícil acreditar que os tijolos consumidos em Rosário do Sul … sejam produzidos, em sua maioria, fora do município!


Qual caminho já deveria ter sido adotado pela gestão municipal ou, na ausência desta, ser questionado pelos vereadores ?

1. Identificar as partes interessadas no negócio;

2. Identificar os requisitos ambientais para o exercício da atividade e fornecer condições para obtenção de eventuais recursos que permitam o atendimento de tais requisitos (como a cidade gasta uma fortuna em diárias e não tem condições de incentivar o desenvolvimento econômico?)

3. Disponibilizar condições para o desenvolvimento sustentado da atividade (existem instituições que atuam especificamente na identificação e solução de problemas empresariais para micros, pequenos e médios empreendedores, como o SEBRAE);

4. Fornecer suporte e acompanhamento à gestão negocial, seja por incentivos fiscais ou formação de mão de obra específica (várias prefeituras de outras cidades, observadas as especificidades que lhes são próprias, atuam dessa forma por meio de programas intitulados Fundo Social de Solidariedade).

Os benefícios de tais ações são inquestionáveis, como:

1. Geração de renda para os empreendedores e trabalhadores envolvidos;

2. Aumento da arredação por intermédio dos impostos advindos da atividade;

3. Geração de empregos, de modo direto e indireto, com consequente incremento no bem estar social;

4. Incentivo indireto ao comércio, pois mais renda = maior atividade econômica;

5. Proteção social pela integração dos novos trabalhados à Previdência Social (talvez as pessoas não percebam, mas cada pessoa desempregada que utiliza a Previdência Social tem os serviços pagos, indiretamente, por uma pessoa na ativa);

6. O executivo cumpre com um dos papéis para que foi eleito: incentivo e ordenação do desenvolvimento econômico.

Finalizando, agradeço ao Dr. Jair Rodrigues Mendes e a Dra. Luciana Flores Figueredo por informações sobre a indústria de olarias em Rosário do Sul, pelas fotos sobre a construção civil na cidade  e pela colaboração na escrita deste post.

Um comentário:

  1. A realidade de um lugar, não necessariamente serve de parâmetro para outro.
    Partindo disso, como moro no Estado do Rio de Janeiro, sou Rosariese, quero mostrar minha opinião.
    Aqui onde eu moro, litoral sul do RJ, não temos olarias também, a questão ambiental aqui é muito marcante. Para quem vai construir e quer construir com tijolos cerâmicos, mesmo não tendo obrigatoriedade alguma, pois nos dias atuais existem outros materiais, citaria os blocos de cimento, e não quero entrar nos demais produtos reciclados.
    Compra-se os tijolos aqui no sul do RJ de uma local denominado Campos dos Goytacases, distante mais de 500 kilômetros. Sendo essa cidade um polo de artefatos cerâmicos.
    Desta maneira, identificar um polo produtor de determinado produto e adquirir o mesmo, não considero papel feio, desde que a tua cidade também esteja inserida num contexto de comercialização. Como Rosário já foi a capital da ervilha. Hoje minha cidade (estive aí em final de novembro recente) está em estado de completo abandono, só usando este termo para evidenciar o que se vê pela cidade.
    Enfim, gostaria que a minha gente que não teve a oportunidade de sair da cidade, que ao menos fosse tratada com dignidade e zelo.
    Rosário vai mal no quesito a saber receber quem está passando pela cidade, ou quem veio para passar uns dias somente... tem vocação ao turismo, mas se não fomentado, vai continuar sendo como ouço no Galpão do Nico Fagundes aos domingos pela Rádio Rural (via parabólica) sendo tão somente uma "zona do Alegrete".
    Fica o lamento de um Rosariense de 39 anos e que desde os 11 só volta a cidade para ver os parentes, e que a cada visita sofre ao ver o descaso com a coisa pública.
    Lembranças ao povo de Rosário, que é cheio de esperança. Não desistam, um dia o progresso passará pela ponte, esperamos que entre por um dos trevos de Rosário do Sul.

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